Ao final do curso de administração, percebi que não gostaria de continuar sendo subalterno em uma promissora carreira como bancário, visto o alto grau de competitividade desleal interna, como se não bastasse à competitividade do mercado, além da compulsividade correndo no sangue por ser dono do meu próprio destino e ser meu próprio pratão.
Recém-formado, sem capital para investir, sem saber que negocio iniciar, mas com uma certeza pujante : preciso ser dono do meu negocio. O que tinha em mãos? Um pouco de conhecimento, uma mesada de trezentos reais e uma conta em um Banco onde dispunha de um talão de cheques com 10 dias sem juros.
Certo dia saí de casa rumo a uma feira ao ar livre, daquelas em que se negociam tudo, desde hortifrútis a carros e aparelhos eletrônicos. Encontrei um antigo conhecido que estava tentando entrar em um negocio, mas não possuía capital para adquirir a matéria prima pra confecção do produto. Resolvi financiar, indaguei do tempo necessário ao processo de fabricação, entrega e recebimento de pagamento. Percebi uma possibilidade, compraria a matéria prima com cheque para 30 dias, mais os 10 de prazo sem juros do cheque especial, faria 40 dias. Percebi que para realizar a produção e entregar os pedidos não passaria de 5 dias. Mas o cliente queria pagar com 30/45/60 dias. Era arriscado, mas se tudo desse certo, o lucro era alto, e o primeiro pagamento cobriria 70% do investimento da matéria-prima. Decidi financia-lo a um percentual sobre o negocio. Passei a estudar e aprender os processos de fabricação. Resolvi me tornar sócio. A roda girou rápido, o negocio aumentou, sempre me utilizando desse artificio, até que comprei a sociedade e me tornei único dono. Do cheque especial, juntei um empréstimo que se chamava conta garantida, onde dispunha de um valor mais alto e ficava girando esse valor e pagando juros sobre ele. Logo o montante negociado tomou valores que no inicio era impensável. Sucesso a vista.
O que aprendi? Utilizar o credito como alavancador de empreendimentos sem pagar juros, pois me utilizava simplesmente do fator tempo. Que no momento em que se paga juros deve-se refletir bastante se vale a pena. Que não se deve ter medo de cobrar uma margem de lucro maior possível pelo simples fato de achar que é desleal, pois quem financia a vida útil de um negocio é o lucro. Que à medida que o negocio cresce seu tamanho pressiona a margem de lucro. Que nunca se deve comprometer a margem de lucro com aquela historia de vender muito pra ganhar na quantidade, é a maior furada para pequenos em crescimento. Defender com unhas e dentes o lucro da empresa, ele quem a mantem viva. E que todo negocio pequeno depende do equilíbrio pessoal e profissional do dono, a falta desse equilíbrio é um risco comprometedor ao negocio.
Bacharel em Administração de Empresas
MBA Gestão Empresarial
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